quinta-feira, 21 de abril de 2011

Enterrado Vivo (Buried)


O que é o que é: é sádico, faz você se contrair no sofá, falar sozinho e entalar o seu coração na garganta? Sabe a resposta? Não? Pois te digo. Enterrado Vivo, o filme de Rodrigues Cortez, lançado ano passado, assistido por mim em DVD nessa quinta. Devo dizer que é impressionante. Um baita filmão de suspense. Muito mais inovador que essas besteirinhas em 3D que Hollywood anda investindo. A sinopse é o título: um homem acorda dentro de um caixão, amordaçado, com um isqueiro. Ele encontra um celular, todo em árabe; que se torna sua única salvação e conexão com o mundo.

E caralho, o mundo é sádico. Todos os diálogos são bem escritos e terrivelmente frios. Há um certo humor, típico de pesadelos e ao mesmo tempo verossimilhante. Quer dizer, você não vai querer sua vida dependendo de atendentes de telefone, cara, não mesmo. Se você acha que é torturador ouvir aquela conversa padrão, “senhor disque 1 para isso disque dois para isso, informe o não sei o que, boa tarde como posso ajudar?”; imagine ouvir isso dentro de um caixão.

Os movimentos de câmera castigam ainda mais você e o personagem. É o melhor da narrativa clássica, explorando cada canto do cenário. Gostei particularmente de pequenos zooms rápido em momentos de ansiedade e diálogos de pergunta e resposta rápidos. Há uma espécie de panorâmica incrível em que a câmera dá um giro de 180, partindo do rosto desesperado do protagonista, filmando o tampo do caixão e terminando nas suas pernas.

Confesso: o fato de Ryan Reinolds estar no elenco me desanimou na primeira vez q ouvi falar de Enterrado Vivo, mas, putz! retiro as minhas palavras. Fez um bom trabalho o cabra. Podia manter essa qualidade, apesar de tudo indicar a volta de Ryan aos enlatados de sempre. E ótima atuação também daqueles de que só se escuta, mas não se vê: as vozes do filme, o elenco além da tela. Conseguiram realmente passar personalidade e falta de personalidade apenas ablando, just talking, no tom.

Acima de tudo, Enterrado Vivo é uma forma menos óbvia de criticar a política do Tio Sam. (alô Cameron e ex-mulher) Só um não-norteamericano pra fazer uma produção norteamericana de qualidade. Viva aos espanhóis!
 

Um comentário:

  1. Olá!

    Puxa,ainda não vi Enterrado Vivo e é pq ele tá aqui nesse meu pc há séculos...mas assim que puder vou conferir.

    ResponderExcluir